sexta-feira, 22 de julho de 2016

Da esperança

Pois disseram, aqui na esquina do ser, que a vida, ah a vida, do revés não passava
Disseram, cá na vitrine, que a solidão era nossa amiga
E ainda por cima bradaram, na curva do ego, que a máscara segura o sorriso 
Custa, custei acreditar 
Andei na passarela da vida que passava, que louco! , 
feliz de mãos dadas com o outro
Atirei pedras na vitrine da solidão e dos seus cacos reflexos de gente, em lágrimas, em abraços, a união 
Atravessei a pista do ego contornando o mal querer e catei, pedaço por pedaço, a pureza do sorriso solto, só em ser sentir
Passo a passo, 
sinta o chão de felicidade aos seus pés nessa terra fértil chamada amor

Paulo Henrique Castro

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

desalinho

engraçado ter saudade do que não se viveu
de repente você invade meu pensamento, me faz pensar música
inunda aquele carinho, sabe? transborda, na borda, sua boca, esse seu ser
de repente sei que você tem a mim, decerto, mas eu não tenho você
não por posse, não por gana. 
por pensamento
olhar teu, jeito teu
e sei que, mais que no repente, sempre, não sou eu a provocar teu sorriso
não sou eu a lhe arrepiar os sentidos
não sou eu a instigar teu sexo
olhar meu, longe o teu
só me perco, me perco no teu silêncio, martiriza o teu não dito
mesmo assim vou, não me esquivo
que triste
aqui, sozinho,
platônico você, meu eu em desalinho. 
linha, linho, viu,
tal qual Gil,abrigo
a sua vida, o caminho
porque você não vem comigo?


terça-feira, 29 de setembro de 2015

(c)Oração


Ele gritou "benza Deus!"
Ela gritou "sangue de Jesus!"
O calor subiu
A missa acabou
Rezaram sem ajoelhar.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Vim, me lancei e me afoguei
Aquilo que me afugentava já não mais me persegue
Aquele que me mal dizia, enaltece 
Aquela que não me sentia, lacrimeja
Aquilo que fui, persevera
Aquilo que sou, futuro
Aquele ao lançar, incerto
Límpido, aqui, vocifero
Gargalham-me borbulhas de aqui, 
Alí, acolá, Yemanjá!
No fundo, me achei.

Paulo Henrique Vaz de Castro

domingo, 28 de setembro de 2014

Fábula de amor ou paixão




Pare aí onde está. 
É, nem um passo a mais, nem um passo a menos. 
Cale essa maldita boca e não me fale mais nem uma palavra.
Silêncio!
Eu não estou mais pedindo seu amor, eu me contento com seu corpo.
Eu não quero meu sorriso, me contento com sua felicidade
Sem covardia, olhe pra mim.
Encare a fúria dos meus olhos, mergulhe nas minhas lágrimas
Não olhe pra cima, olhe pra mim! 
Sente-se. Sinta-me. 
Tire esses óculos, deixe-os sobre a mesa.
Ouça-me. Deite-se. 
É, sobre a mesa mesmo
Tire essa maldita roupa e não se cubra com absolutamente nada. 
Me dê o seu nu, a sua fragilidade
Ah esse sorriso que começa devagar e toma conta do seu todo me domina
Isso, sorria... Deixe minha mão compreender os detalhes do seu rosto e descer
Estou percorrendo seu peito, eles apontam pra mim com audácia demasiada para passarem despercebidos
Talvez também riem querendo esconder a insegurança de estarem descobertos
É assim que você faz, não é?
Abaixa as pálpebras, serrilha o olhar e me confunde
Veja bem, estou aqui pra você. 
Pode ser por agora, para o agora ou para sempre. 
NÃO! Não fale nada, já disse. 
Agora é minha boca que fala em você. No teu sim. No teu sexo.
Minha língua pronuncia o seu desejo. 
Permita que eu te faça bem.
Permita que eu te viva.
Me viva.
Me faça bem.
Complementemo-nos em boa companhia. 
Sejamos. 
E quando o meu corpo e a minha vontade abrirem as suas pernas
Entenda de uma vez por todas:
Eu sou o homem da sua vida.



Paúra

Não quero ser egoísta
Não pretendo ser mais um chato
Não me tenha por maniqueísta
Ou insistente, ao pé da risca
Eu preciso demarcar o que penso
Sair de cima do muro do que sinto
Tomar outro não mas escancarar
Não deixar dúvidas
Fazer você entender
De uma vez por todas:
Eu amo você.

Pago

Essa minha mania de errar o tempo faz o acaso parecer falácia e o eterno equalizar em milagre. Custa ser momento, ser poesia?