quarta-feira, 25 de novembro de 2015

desalinho

engraçado ter saudade do que não se viveu
de repente você invade meu pensamento, me faz pensar música
inunda aquele carinho, sabe? transborda, na borda, sua boca, esse seu ser
de repente sei que você tem a mim, decerto, mas eu não tenho você
não por posse, não por gana. 
por pensamento
olhar teu, jeito teu
e sei que, mais que no repente, sempre, não sou eu a provocar teu sorriso
não sou eu a lhe arrepiar os sentidos
não sou eu a instigar teu sexo
olhar meu, longe o teu
só me perco, me perco no teu silêncio, martiriza o teu não dito
mesmo assim vou, não me esquivo
que triste
aqui, sozinho,
platônico você, meu eu em desalinho. 
linha, linho, viu,
tal qual Gil,abrigo
a sua vida, o caminho
porque você não vem comigo?


terça-feira, 29 de setembro de 2015

(c)Oração


Ele gritou "benza Deus!"
Ela gritou "sangue de Jesus!"
O calor subiu
A missa acabou
Rezaram sem ajoelhar.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Vim, me lancei e me afoguei
Aquilo que me afugentava já não mais me persegue
Aquele que me mal dizia, enaltece 
Aquela que não me sentia, lacrimeja
Aquilo que fui, persevera
Aquilo que sou, futuro
Aquele ao lançar, incerto
Límpido, aqui, vocifero
Gargalham-me borbulhas de aqui, 
Alí, acolá, Yemanjá!
No fundo, me achei.

Paulo Henrique Vaz de Castro