sexta-feira, 8 de abril de 2011

Certa Ana



E num dia de sentimentos confusos, certa Ana fez aurora no momento em que nasceu. Veio inebriada em meio a sorrisos e lágrimas, tão sublime e tão única que rompeu a tradição de nomes que há muito havia sido preservada no acalanto do seu seio familiar. Ela foi a ultima das fêmeas do angelical ventre de sua mãe, surgiu desde sempre com a sublime diferença de ser diferente... E certa Ana fez-se Joaquina.

Doce menina. No galgar de seus dias, certa Ana queria quebrar as monotonias que o mundo lhe impunha. Abriu os braços e coloriu a realidade preto-e-branco com sonetos, dobrados e partituras em Clave de Sol. Sax arauto ressonou ao longe e encantou até as rudes folhas do velho angico, amalgamando a pureza da menina com sua fé inabalável naquilo que pode ser bom.

Pequena menina. Certa Ana traz consigo uma aparente fragilidade que, inadvertida, só pode ser um truque da natureza para disfarçar toda força e determinação que a move. Foi com essa garra encoberta de fragilidade que a pequena menina fez-se mulher. E certa Ana deu aos lábios um vermelho, deu-se um gosto de pecado.

Menina-Mulher. Esperta como tal, certa Ana carrega na pureza do seu corpo a enjaulada fera fêmea da destreza, da conquista, da sabedoria, da perseverança. Sua face irradia, seus cabelos conquistam, seu corpo proclama. Ela, já mulher feita, é dona de um complexo infinito particular. Inexplicavelmente única, de personalidade forte, de gênio marcante, não decaí às adversidades simplesmente porque a vida lhe ensinou como caminhar. E lhe deu, por conseqüência, a teimosia de suas verdades interiores.

Ah, mestra vida, como a senhora foi capaz de personificar essa soberana em meio ao deserto dos injustos? Como compreendê-la se nem a própria o faz, se sua força emana em meio ao infinito? E a mestra vida, sussurrante, responde que somente aos dignos cabe o dom de compreendê-la, de entendê-la, de conquistá-la.

E certa Ana, gloriosa, caminha por entre a vida buscando explicações para si e para o mundo. A cada Abril vociferante, ela descobre um novo jeito de se ver e de ver a realidade. Sorri, chora, envaidece, entristece. Teimosa por ser soberana de si... Bela mulher completa, encantadora, deslumbrante. E suas qualidades se ampliam em cada Abril que perpassa sua janela...

Espere, fera Ana, que o seu fazer diário te dará merecidas recompensas. Mentalize que o alcance dos seus objetivos está nas mãos da sua humildade, Fera-Mulher. Tenha certeza de que esse pobre pecador que vos escreve, assim como milhões de injustos que lhe cercam, buscam a dignidade perfeita para estar contigo. Sinta esse carinho acalorado que as lágrimas em meus olhos estão te levando... Amiga que faz crescer... Mulher que faz enlouquecer...

Hoje e sempre, certa Ana belíssima nos encanta por existir. Obrigado por iluminar nossos dias, por nos emocionar, por nos fazer rir. Qualquer inóspita palavra que esse jovem menestrel tentar transpor será pífia para demonstrar toda sua amplitude e todo amor e admiração que sinto por ti.

Ana ímpar entre todas as Ana’s. Certa Ana. Ana mulher. Mulher Ana. Inconfundivelmente Ana.


Paulo Henrique Vaz de Castro

Às vidas destruídas no Rio de Janeiro




Olhar pela janela e ver
O sol querendo respirar
Ou ir até a praia e ser
Mais um na multidão tentando se afogar
Nas falhas tentativas de entender
O mundo em seu estado mais normal
E na ilusão de um dia ter um abraço
Sem motivo especial
Tá vendo aquela estrela solitária ali no céu
É o espelho um reflexo de alguém que se perdeu
É a chama da esperança
De um ser que se apagou
O olhar de uma criança
Rejeitada e sem amor
São milhões de brasileiros
Que não tem pra onde correr
Mas que correm contra o tempo
Pra no fim poder comer
E engolem tudo a seco com a sede de vencer
Mas que tempo vagabundo
Que escolheram pra eu nascer!
Tá vendo aquela estrela sorridente ali no céu
São sussurros e pedidos
De alguém que acreditou
Que um dia acabaria esse teatro, esse papel de
um palhaço interpretando a falsidade de um ator
Reflexos de Nós, Toni Ferreira




Rosa Maria





Ela se cobriu de espinhos pra enganar a dor

foi mãe demais, até mesmo antes de ser mulher
Rosa maria a flor se amarela for
Salgarei o meu sorriso por um momento bom
Até Por que não da pra ser viver
Sem ser feliz e amar
se entregar a uma paixão
Até Por que não da pra ser viver
Sem ser feliz e amar
se entregar a uma paixão


Se só as Rosas choram, por que sofrem as Marias?
Se só as Rosas choram, por que sofrem as Marias?


Juntos a mesa uma rosa branca paz floriu,
Pôs amor demais com certeza
Mesmo tudo que se tem pra comer é um prato quase vazio,
é eu sei

E avermelhar a flor em nome do sentimento
Qual cor teria a rosa se eu chorasse sofrimento?
Até Por que não da pra ser viver
Sem ser feliz e amar
se entregar a uma paixão
Até Por que não da pra ser viver
Sem ser feliz e amar
se entregar a uma paixão

Se só as Rosas choram, por que sofrem as Marias?
Se só as Rosas choram, por que sofrem as Marias?

Roy