domingo, 28 de setembro de 2014

Fábula de amor ou paixão




Pare aí onde está. 
É, nem um passo a mais, nem um passo a menos. 
Cale essa maldita boca e não me fale mais nem uma palavra.
Silêncio!
Eu não estou mais pedindo seu amor, eu me contento com seu corpo.
Eu não quero meu sorriso, me contento com sua felicidade
Sem covardia, olhe pra mim.
Encare a fúria dos meus olhos, mergulhe nas minhas lágrimas
Não olhe pra cima, olhe pra mim! 
Sente-se. Sinta-me. 
Tire esses óculos, deixe-os sobre a mesa.
Ouça-me. Deite-se. 
É, sobre a mesa mesmo
Tire essa maldita roupa e não se cubra com absolutamente nada. 
Me dê o seu nu, a sua fragilidade
Ah esse sorriso que começa devagar e toma conta do seu todo me domina
Isso, sorria... Deixe minha mão compreender os detalhes do seu rosto e descer
Estou percorrendo seu peito, eles apontam pra mim com audácia demasiada para passarem despercebidos
Talvez também riem querendo esconder a insegurança de estarem descobertos
É assim que você faz, não é?
Abaixa as pálpebras, serrilha o olhar e me confunde
Veja bem, estou aqui pra você. 
Pode ser por agora, para o agora ou para sempre. 
NÃO! Não fale nada, já disse. 
Agora é minha boca que fala em você. No teu sim. No teu sexo.
Minha língua pronuncia o seu desejo. 
Permita que eu te faça bem.
Permita que eu te viva.
Me viva.
Me faça bem.
Complementemo-nos em boa companhia. 
Sejamos. 
E quando o meu corpo e a minha vontade abrirem as suas pernas
Entenda de uma vez por todas:
Eu sou o homem da sua vida.



Paúra

Não quero ser egoísta
Não pretendo ser mais um chato
Não me tenha por maniqueísta
Ou insistente, ao pé da risca
Eu preciso demarcar o que penso
Sair de cima do muro do que sinto
Tomar outro não mas escancarar
Não deixar dúvidas
Fazer você entender
De uma vez por todas:
Eu amo você.

Pago

Essa minha mania de errar o tempo faz o acaso parecer falácia e o eterno equalizar em milagre. Custa ser momento, ser poesia?




Licor de Se

Agora me explica pra quê tanto "se".
Será que transpareceu meu interesse
Será que sou tão desinteressante assim?
Será que me faltou beleza
Ou foi só artifício de evasiva, pra mim
Será que não falei as palavras certas
Será que falei palavras incertas
Será que sempre tive um não, recheado de talvez e emaranhado de "se"?
Se fuder! 
Era só dizer não. Não dizer não. 
Não. Dizer. Não dizer.
Mas
E se?

Pausa

Algumas pessoas são ponto final. E pronto.
Outras são divagas interrogações
Por vírgulas, umas são pausa
Outras, separações
Reticências, seguimento, puta digressão...
Foi mal aí. Eu sou é exclamação!


Venha

Que venha
que seja
que aconteça
que floresça
que resplandeça
agora
em nós
à sós
à francesa
sex appeal cotidiano